por: Cultpsi
O Artista assim o fez: “Que haja luz!” A luminosidade banhou o quadro. As pradarias se iluminaram e o que parecia um entardecer de cores azulado, repentinamente, se transformou de um amanhecer de tons de amarelo. Houve o primeiro sorriso do Artista.
O Artista transbordava de alegria e assim o fez: de uma gota de azul-piscina fez nascer água que se transformou em lagos, que se transformou em rios, que se transformou em mares. E todo este azul misturado com o verde formou borrões minúsculos na tela, gerando a vida na relva. Produzindo desta forma sementes, produzindo árvores, produzindo bosques. O Artista sorriu novamente, refletiu sobre sua ação e assim houve o renascimento.
O Artista assim o fez: criou um luzeiro no céu, o qual, todas as cores da tela giravam em torno dele. E isto era verdade. A partir deste momento, houve o marco entre o tempo de trevas das imagens bucólicas e o tempo das festas, do traçado revivido. O Artista harmonizou sua composição, ampliou sua perspectiva e usou tintas a óleo e têmpera. Fez nascer à vida. A vida enchia as água, a vida enchia os ares, a vida enchia as terras. E isto era verdade.
A vida trazia perguntas, o Artista buscava respostas e assim o fez: fecundou as cores de sua paleta com pigmentos naturais produzidos de seus experimentos, multiplicou os traços acentuando-os e ligando-os de um lado a outro do desenho e por último fez pares antagônicos de cada imagem criada. E isto era verdade. O Artista olhou para sua obra, racionalizou seu intento e sorriu. No entanto, algo o incomodava. Algo que faltava? Sim, algo que só em eras e eras modernas, posteriormente, poderia ser alcançado.
O Artista assim o fez: criou o homem à imagem e semelhança de seu desejo. Um ser com cores metálicas e traços em movimento. Seu rosto era escuro, quase anônimo em comparação ao resto da tela. O Artista o colocou no centro do quadro, no primeiro plano. E em tudo em volta do homem começou a mudar, a ficar meio geometrizado, confuso e abstrato quase impessoal como ele. Surgiu o caos.
O Artista, pela salvação de sua obra, criou a mulher, imagem e semelhança de seu desejo. Entretanto, este ser construído de partes da paleta a qual criou o homem, se rebelou. Assumiu as mesmas cores e traços do homem, ficou quase impessoal.
O Artista, por exaustão e orgulho concluiu a sua obra. E viu, posteriormente, que era muito boa.
O Artista guardou seus pinceis, limpou seu godê e rasgou os rascunhos do desenho. Bebeu uma garrafinha de líquido esverdeado, acomodou se numa boa poltrona de veludo, praguejou o dia em que concluiu a sua obra e descansou para sempre de todo o seu trabalho.
Adorei o texto, sempre tentamos aperfeiçoar nossa obra mas quando percebemos que tudo está magnífico e que pode ser mostrado ao mundo perdemos um parte do nosso prazer, pois será algo a mesmo para pesquisar para criar.
ResponderExcluirAs vezes dá a impressão que depois que lançamos, criamos algo e que as pessoas por pura ignorância ou rapidez não presta a devida atenção em todos os detalhes e acabam elogiando com uma simples palavra: "Bom" ou um simples olha e leve sorriso. E depois acabamos esquecidos junto com a tendência da estão passada.